Ausência de ação pode causar déficit na produção alimentícia mundial
Abelhas cumprem um papel importante
no ecossistema, assim como em nossas vidas. Elas são os agentes
polinizadores mais eficientes da natureza, além de serem responsáveis
pela reprodução e perpetuação de milhares de espécies vegetais,
produzindo alimentos, conservando o meio ambiente e mantendo o
equilíbrio dos ecossistemas.
A polinização feita por elas garante a alta produtividade e qualidade
dos frutos. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (
FAO - na sigla em inglês),
70% das culturas de alimentos depende das abelhas.
Mas a eficácia delas não para por aí! Ao transportar o pólen entre as
plantas, elas garantem a importante variação genética das espécies para o
equilíbrio dos ecossistemas e a reprodução das espécies. Ou seja, sem
abelhas, não temos alimentos na mesa (seja vegetal ou animal) e muito
menos oxigênio.
Nos últimos anos, os apicultores perceberam a morte massiva de
abelhas em apiários, após um grande número de espécies polinizadoras
desaparecerem em um fenômeno chamado de "Síndrome de Colapso de
Colônias".
Os culpados? Eles são muitos e
nós já falamos de pelo menos um deles.
Entre os especialistas parece haver um consenso entre os vilões do
desaparecimento das abelhas polonizadoras: pesticidas e o desmatamento.
Esse último, por exemplo, traz diversas consequências ruins. Para as
abelhas, significa a perda de seu lar e dos frutos que as alimentam,
tornando difícil sua sobrevivência. Já o uso de químicos, como
pesticidas e agrotóxicos, causa problemas na memória da abelhas, fazendo
com que elas se desorientem e percam a habilidade de retornar à
colmeia; razão esta que torna impossível para os apicultores encontrarem
as abelhas desaparecidas.
O problema não é somente a morte das abelhas, pois elas não são as
únicas polinizadoras, mas sim que o seu desaparecimento iria desencadear
uma reação em cadeia no meio ambiente que iria afetar cada ser vivo da
natureza.
Tome a produção agrícola no Brasil como exemplo. Colmeias são
alugadas para polinizar culturas em fazendas por todo o país. Em 2011,
não havia abelhas para polinizar culturas de maçã, pepino, melão e
melancia. Por falta de polinização suficiente, os frutos nascerem com
sabor e formato adulterado. Houve perda de produção de outros alimentos,
como laranja, algodão, soja, abacate e café, segundo David De Jong,
professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, campus
de Ribeirão Preto, em
entrevista à Revista Planeta.
E o que podemos fazer para amenizar este problema?
A campanha "Sem Abelha, Sem Alimentos", aconselha os seguintes passos para ajudar:
O
aplicativo Bee Alert é uma plataforma de registro do desaparecimento ou morte de abelhas em apiários para fins científicos.
• Consuma produtos orgânicos
Dê preferência aos produtos orgânicos: são mais saudáveis
por não conterem agrotóxicos, e não contaminam o meio ambiente em sua
produção, além de essa ser uma medida de apoio à produção local
orgânica.
• Tenha uma colmeia em casa
Cultive uma colmeia de abelhas nativas sem ferrão em seu
jardim – um movimento cada vez mais universal, e de ampla recomendação
para os amantes da natureza.
O Brasil possui mais de três mil espécies de abelhas, sendo sua
maioria de abelhas nativas sem ferrão. Espécies como a jataí, iraí,
jandaira ou mandaçaia, entre outras, são abelhas dóceis e que podem
fazer parte de seu jardim. Só assim podemos admirar e preservar estes
maravilhosos polinizadores.
Para saber mais sobre como criar sua colmeia em casa, confira a
To-Bee ou a
BeeHive.
• Plante árvores e cultive flores
Plante em sua casa, nos parques e nos bosques de sua
cidade, espécies da flora apícola; flores com pólen e néctar fornecem o
alimento natural das abelhas.
• Não utilize pesticidas
Não utilize pesticidas que sejam tóxicos às abelhas, particularmente os sistêmicos (
neonicotinoides); dê preferência ao controle biológico de pragas.
Claro que essas ações individuais têm abrangência pequena se comparadas
às necessárias ações governamentais e de indústrias, mas contribuem para
evitar maiores danos.