quarta-feira, 12 de novembro de 2014

CAATINGA; A NOSSA “AMAZÔNIA”

Quando se fala em preservação de floresta ou mata, lembramos logo da Amazônia. Mas sim, nós também temos o que proteger.


          A caatinga é uma mata única e exclusivamente brasileira. Está presente em todo o Nordeste e numa pequena parte do norte de Minas Gerais, ocupando uma área de aproximadamente 844.453km², o que representa 9,92% do território brasileiro. O nome Caatinga é indígena e significa Mata Branca.

          Por possuir um clima semi-árido, não significa a inexistência de vida silvestre, porém ainda existe essa idéia errônea sobre esse ecossistema. A caatinga difere em muito dos demais biomas por ser dividida em apenas duas partes: parte das chuvas e parte da seca. Nesta, a imagem é cinza, triste, turva devido o calor e melancólica, até a sombra desaparece, caracterizando essa idéia de um lugar sem vida. Naquela, ao cair das primeiras chuvas, logo brota o verde, os pássaros cantam, o cheiro da mata invade os caminhos dos agricultores, e a vida que sempre esteve ali, resguardada do calor intenso, surge de forma magnífica.


            Essa vegetação tem características xerofíticas – com formações vegetais secas e espinhosas, além de gramíneas, arbustos, cactos e árvores de porte baixo ou médio, sendo que algumas chegam a atingir até 12 metros de alturas. Foram registradas até o momento cerca de 1000 espécies, estimando-se que haja um total de 2000 a 3000 plantas.
          Economicamente a caatinga é pouco estudada, pois embora cerca de 27 milhões de pessoas vivam nesta área, o seu poder aquisitivo é muito baixo e essa cultura é de difícil disseminação, indo de encontro com a industrialização. A forragem é muito utilizada no sertão para a alimentação dos animais, usam espécies como o pau-ferro, a catingueira verdadeira, a catingueira rasteira, a canafístula, o mororó e o juazeiro. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o umbú, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri, além de espécies medicinais, como a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó e outras mais.

          A fauna é bastante rica para o semi-árido, com a existência de cerca de 40 espécies de lagartos, 07 espécies de anfibenídeos (espécies de lagartos sem pés), 45 espécies de serpentes, quatro de quelônios, uma de Crocodylia, 44 anfíbios anuros e uma de Gymnophiona, 695 de aves e 120 de mamíferos, num total de 876 espécies de animais vertebrados, e sabemos que ainda há muito o que pesquisar, pois ainda é uma área  de pouco interesse  para os pesquisadores.


Degradação Ambiental

          Sem esse conhecimento e principalmente conscientização, o homem do campo com o seu secular manejo de preparação para o plantio e pastagens, utiliza-se de queimadas, extinguindo naquele local toda uma população silvestre.

          O extrativista ainda é a única forma de exploração pela população local. Acredita-se que mais de 70% da caatinga já foi alterada pelo homem, e uma pouquíssima área encontra-se protegida em unidades de conservação.

          Estima-se que por ano essa degradação afete uma área de vegetação equivalente aos Estados do Maranhão e do Rio de Janeiro, juntos. Essa degradação em área é equivalente a degradação amazônica, porém aquela possui uma área cinco vezes maior.

          O resultado de tudo isso não poderia ser outro; espécies ameaçadas de extinção. Espécies como a aroeira e o umbuzeiro, já se encontram protegidas pela legislação florestal para que não virem fontes de energia, como carvão e lenha.

          Quanto à fauna, os felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio (veado-catingueiro e capivara), as aves (ararinha azul, pombas de arribação) e abelhas nativas figuram entre os mais atingidos pela caça predatória e queimadas que destroem o seu habitat natural.

          A nossa caatinga por ser unicamente brasileira e quase que exclusivamente nordestina, pois apenas uma pequena extensão fica localizada no norte de Minas Gerais, precisa ser estudada ambientalmente, economicamente e socialmente, sempre buscando a sua preservação.
    
          A caatinga existe a séculos e as suas formas existentes, são de preservação natural, vemos isto nas folhas secas que duram todo um verão e a presença de espinhos nos caules e folhas das plantas para afugentar os predadores, além da cor predominante dos animais que se confudem com a cor da mata. O homem sertanejo não difere dessa metodologia, aprendeu com a natureza a viver no inverno pensando no verão e vice-versa. Segundo dados do IBGE cerca de 27 milhões de pessoas vivem nesta área, pessoas que apesar das dificuldades, praticamente ignoradas pelo restante do país e sem conhecimento ciêntífico, conseguem sobreviver a esse clima quente e perverso. 
 

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