Quando se fala em preservação de floresta ou mata, lembramos logo da Amazônia. Mas sim, nós também temos o que proteger.
A caatinga é uma mata única e exclusivamente brasileira. Está presente
em todo o Nordeste e numa pequena parte do norte de Minas Gerais,
ocupando uma área de aproximadamente 844.453km², o que representa 9,92%
do território brasileiro. O nome Caatinga é indígena e significa Mata
Branca.
Por possuir um clima
semi-árido, não significa a inexistência de vida silvestre, porém ainda
existe essa idéia errônea sobre esse ecossistema. A caatinga difere em
muito dos demais biomas por ser dividida em apenas duas partes: parte
das chuvas e parte da seca. Nesta, a imagem é cinza, triste, turva
devido o calor e melancólica, até a sombra desaparece, caracterizando
essa idéia de um lugar sem vida. Naquela, ao cair das primeiras chuvas,
logo brota o verde, os pássaros cantam, o cheiro da mata invade os
caminhos dos agricultores, e a vida que sempre esteve ali, resguardada
do calor intenso, surge de forma magnífica.
Essa vegetação tem características xerofíticas – com formações vegetais
secas e espinhosas, além de gramíneas, arbustos, cactos e árvores de
porte baixo ou médio, sendo que algumas chegam a atingir até 12 metros
de alturas. Foram registradas até o momento cerca de 1000 espécies,
estimando-se que haja um total de 2000 a 3000 plantas.
Economicamente a caatinga é pouco estudada, pois embora cerca
de 27 milhões de pessoas vivam nesta área, o seu poder aquisitivo é
muito baixo e essa cultura é de difícil disseminação, indo de encontro
com a industrialização. A forragem é muito utilizada no sertão para a
alimentação dos animais, usam espécies como o pau-ferro, a catingueira
verdadeira, a catingueira rasteira, a canafístula, o mororó e o
juazeiro. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o umbú, o
araticum, o jatobá, o murici e o licuri, além de espécies medicinais,
como a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o
marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó e outras mais.
A fauna é bastante rica para o semi-árido, com a existência de cerca de
40 espécies de lagartos, 07 espécies de anfibenídeos (espécies de
lagartos sem pés), 45 espécies de serpentes, quatro de quelônios, uma de
Crocodylia, 44 anfíbios anuros e uma de Gymnophiona, 695 de aves e 120
de mamíferos, num total de 876 espécies de animais vertebrados, e
sabemos que ainda há muito o que pesquisar, pois ainda é uma área de
pouco interesse para os pesquisadores.
Degradação Ambiental
Sem esse conhecimento e principalmente conscientização, o homem do
campo com o seu secular manejo de preparação para o plantio e pastagens,
utiliza-se de queimadas, extinguindo naquele local toda uma população
silvestre.
O extrativista ainda é
a única forma de exploração pela população local. Acredita-se que mais
de 70% da caatinga já foi alterada pelo homem, e uma pouquíssima área
encontra-se protegida em unidades de conservação.
Estima-se que por ano essa degradação afete uma área de vegetação
equivalente aos Estados do Maranhão e do Rio de Janeiro, juntos. Essa
degradação em área é equivalente a degradação amazônica, porém aquela
possui uma área cinco vezes maior.
O resultado de tudo
isso não poderia ser outro; espécies ameaçadas de extinção. Espécies
como a aroeira e o umbuzeiro, já se encontram protegidas pela legislação
florestal para que não virem fontes de energia, como carvão e lenha.
Quanto à fauna, os felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de
porte médio (veado-catingueiro e capivara), as aves (ararinha azul,
pombas de arribação) e abelhas nativas figuram entre os mais atingidos
pela caça predatória e queimadas que destroem o seu habitat natural.
A nossa caatinga por
ser unicamente brasileira e quase que exclusivamente nordestina, pois
apenas uma pequena extensão fica localizada no norte de Minas Gerais,
precisa ser estudada ambientalmente, economicamente e socialmente,
sempre buscando a sua preservação.
A caatinga existe a séculos e as suas formas existentes, são de
preservação natural, vemos isto nas folhas secas que duram todo um verão
e a presença de espinhos nos caules e folhas das plantas para afugentar
os predadores, além da cor predominante dos animais que se confudem com
a cor da mata. O homem sertanejo não difere dessa metodologia, aprendeu
com a natureza a viver no inverno pensando no verão e vice-versa.
Segundo dados do IBGE cerca de 27 milhões de pessoas vivem nesta área,
pessoas que apesar das dificuldades, praticamente ignoradas pelo
restante do país e sem conhecimento ciêntífico, conseguem sobreviver a
esse clima quente e perverso.
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