QUEM PODE FALAR DE EDUCAÇÃO?
“Cada ponto de vista é visto de um ponto” – Leonardo Boff
Só pode falar de
educação e sobre educação quem dá aulas e tem experiência de “sala de aula”?
Sou questionador por
natureza.
Gosto de questionar.
Me faz bem questionar sobre fatos e “coisas”,
mas sobretudo a Educação.
E, conversando com alguns professores sobre
algumas práticas pedagógicas na escola, aplicadas em sala de aula, que no meu
ponto de vista não fazem mais sentido, um deles me pergunta:
- Você dá aula em classe?
E eu que desde os meus
18 anos, durmo, acordo, almoço e janto com todos os assuntos relacionados a
Educação, e usando a forma provocativa de Rubem Alves, “Eu faço amor com a
educação”, respondo:
- Não, eu não dou aula em classe.
E essa professora, olhando para os outros professores me responde:
- Ah! Então está explicado...
Ou seja, “você não
está dentro da sala para compreender ou falar sobre Educação e prática
pedagógica na sala de aula”.
Acho interessante a
pergunta e a resposta de alguns professores de carreira aos quais tenho um
grande respeito, pois, se dedicaram e se dedicam na formação de pessoas.
E eu, diante dessa conversa me
questiono: só pode
falar de Educação, questionar currículos e práticas, quem esteve ou está dentro
de uma sala de aula?
Tenho um amigo Engenheiro Civil, também Professor, ao qual poderia perguntar:
- Como você ousa projetar e fiscalizar construção, se você nunca
pegou numa colher de pedreiro? Como ousa falar sobre o prumo?
Àquele crítico de arte, posso perguntar:
- Você nunca pintou um quadro, como pode dizer se tal ou qual pintura
vale alguma coisa?
E por ai, poderíamos ir longe ao argumento.
“Cada ponto de vista é vista de
um ponto”
Não eu não dou aula, em classe.
Eu realizo um trabalho voluntário
na educação há anos, com crianças e
jovens, que até daria o tempo exigido para me aposentar.
A Educação precisa ser
discutida por quem está dentro da sala de aula, como por quem não está nela.
A
Educação precisa ser discutida com a família, com os supervisores de alunos,
com o porteiro, com os profissionais da limpeza, com a merendeira e com a
sociedade na sua totalidade, para que as práticas na educação ganhem sentido e
significado, para que a Educação
prevaleça e que ninguém possa se achar no direito da última palavra.
Como diz meu educador
favorito, José Pacheco: “É preciso dar muitas aulas para se perceber que não é preciso dar aulas”.
Texto - Ângelo
Revisado e editado - Jarbeli
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