por
José Carlos Antonio*
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Blog de Matemática |
Cinco anos atrás eu escrevi um artigo intitulado
Blogs, Flogs e a inclusão websocial.
Na época, o foco do artigo consistia em mostrar que estava nascendo uma
forma de inclusão social na Web, a que eu chamei de "inclusão
websocial", em que usuários sem conhecimentos da linguagem HTML e de
outras linguagens de criação de páginas para a Web podiam começar a
criar seus sites e, assim, conquistar seu espaço de autoria na Web por
meio dos blogs, dos flogs e de outras ferramentas que então estavam
despontando na rede (inclusive o Orkut).
Naquela época, os blogs
eram vistos por muitos professores como "coisa de adolescente", pois os
blogs nasceram com a inspiração de serem "diários digitais" e, além
disso, a maioria dos blogs brasileiros tinha de fato esse formato, pois
eram blogs criados por adolescentes e que tinham como público alvo
outros adolescentes.
O fato é que os adolescentes saíram na frente
e criaram seus blogs, tornam-se autores e ocuparam seu espaço na Web,
enquanto os professores, em sua maioria, ainda discutiam se valia ou não
a pena usar novas tecnologias na educação.
O tempo passou. Cinco
anos, na história da Web, é um tempo imenso! De 2004 para cá, os blogs
brasileiros caíram também no gosto de muitos "adultos". Jornalistas,
profissionais liberais, donas de casa e (vejam só!) até mesmo
professores começaram a ocupar cada vez mais a blogosfera.
Hoje em
dia eu creio que seja bobagem discutir a utilidade das TIC na educação,
ou explicar o que é um blog, mas talvez ainda seja tempo de falar um
pouco sobre o uso pedagógico dos blogs, principalmente tendo em vista
que a cada dia mais e mais professores ingressam nesse incrível mundo da
publicação e da autoria.
Apesar de sua origem com formato e
pretensão de diário", o blog é, na verdade, um site. Ter um blog ou ter
um site é a mesma coisa se o objetivo for possuir um endereço na
Internet onde se possam publicar materiais diversos. A única diferença é
que um site, no sentido original do termo, é um espaço que requer a
criação não apenas de conteúdo, mas também de layouts, programações em
HTML, CSS, javascript, PHP, SQL e outras linguagens usadas na Internet.
O
blog, no entanto, oferece toda essa programação, o layout, as
ferramentas de divulgação e até mesmo seu endereço na Web prontos, de
forma que aos seus donos cabe apenas prover o conteúdo. E é aí que está o
"X" da questão!
Para que um blog sobreviva na blogosfera e cumpra
seu papel como espaço de publicação e autoria, ele precisa ter pelo
menos quatro requisitos básicos:
1. Possuir um objetivo claro
2. Visar a um público específico
3. Possuir conteúdo útil para o público visado
4. Ser atualizado frequentemente
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Blog de Física |
Em outras palavras, criar um blog é fácil; criar um blog útil é um
pouco mais difícil. Criar um blog útil e mantê-lo útil ao longo do
tempo é ainda mais difícil e trabalhoso, mas é muito compensador se o
objetivo que você escolheu estiver sendo atingido ao longo da vida do
seu blog.
Os blogs são ferramentas Web 2.0 disponíveis
gratuitamente na rede e oferecidas por muitas empresas. Para criar seu
blog você pode usar qualquer uma dessas empresas. O processo de criação
dura cerca de cinco minutos e requer apenas uma meia dúzia de cliques no
mouse. Veja no final do artigo alguns links de empresas que oferecem
blogs e hospedagem gratuita para eles.
Alguns exemplos de uso
pedagógico para blogs são listados abaixo e não esgotam nem de longe as
possibilidades, mas podem ajudar os iniciantes a descobrirem alguma
utilidade para o seu blog:
Blog de conteúdo curricular: muitos
professores usam seus blogs para publicar os conteúdos curriculares de
suas aulas e assim permitirem que seus alunos os consultem pela
Internet. Com isso, os alunos podem acessar textos, filmes, músicas,
simulações, animações e outros materiais usados em classe ou sugeridos
como materiais extras;
Blog de apoio às atividades de classe:
os blogs podem servir como meios auxiliares para propor tarefas ou para
receber tarefas. Por exemplo, você pode publicar uma poesia e pedir aos
seus alunos que comentem a poesia, como faria em sala de aula com
textos impressos. A única diferença é que esses comentários ficam
publicados no seu blog;
Blog de registro de projeto: você
pode usar blogs para registrar o andamento de um projeto. Além de você,
os alunos que participam do projeto também podem escrever no blog (ou
por meio de comentários ou diretamente, publicando textos eles mesmos,
sob sua supervisão). Imagine, por exemplo, que sua escola participe de
um projeto de reciclagem. Todas as atividades do projeto, desde as
reuniões iniciais até o os resultados finais, podem ser documentadas de
forma bem rica (com imagens, textos, filmes, depoimentos gravados, etc.)
no blog;
Blog institucional da escola: uma
escola pode (e realmente deve) possuir um site ou um blog (que é bem
mais simples de criar e manter do que um site) onde publique notícias,
eventos, avisos, comunicados, horários, dados dos professores e da
escola etc., a fim de facilitar sua comunicação com a comunidade. Muitas
escolas já possuem blogs e os utilizam como uma forma de prestar contas
à comunidade e de informar melhor suas ações;
Blog de uma disciplina:
como a atualização de um blog requer que seu autor (ou autores)
publique novas matérias regularmente, em algumas escolas os professores
de uma dada disciplina se unem e mantêm um blog para a disciplina toda.
Nesse blog se podem publicar dicas para os alunos, materiais extras,
datas de provas, provas resolvidas, listas de exercícios etc., e os
alunos podem compartilhar materiais de diversos professores sobre um
mesmo assunto.
É claro que um único blog pode servir para
várias dessas finalidades (e outras ainda), mas tenha em mente que
quanto mais "confuso e desfocado" for o seu blog, mais dificilmente ele
será útil ou despertará a atenção do seu público alvo.
Professores que possuem blogs afirmam que isso facilita seu trabalho, pois com o blog eles podem:
• fornecer e armazenar materiais de consulta para os alunos;
• criar atividades que os alunos possam acessar de suas casas e entregar via Internet;
• criar bibliotecas de atividades e materiais que ficam disponíveis de um ano para outro, poupando espaço e recursos;
• divulgar o seu trabalho e torná-lo transparente para os pais dos alunos e para a comunidade toda;
• interagir com outros professores de sua área e trocar informações, links, materiais, atividades etc.;
• melhorar seu relacionamento com os alunos e fornecer a eles maior possibilidade de acesso ao professor.
Uma
dica final, e bastante interessante, é criar um blog para a escola e
colocar nele os links para os blogs dos professores e alunos da escola,
criando assim uma forma simplifica de comunidade virtual e explorando
com isso diversas novas possibilidades de interação e participação
colaborativa.
*
Autor do blog Professor Digital, de onde foi retirado este artigo, e formador do
Aula Fundação Telefônica: EducaRede e Pró-Menino, projeto que beneficia
escolas públicas paulistas com doação de laptops, acesso à Internet e
formação presencial e a distância para professores.